quinta-feira, dezembro 01, 2005

Palavras de um Preto Velho

Havia me iniciado fazia pouco tempo na Umbanda, levado à força pelos guias amigos, e sentido o conforto da casa que ali me acolhia assim como acolhe um filho que a ela retorna. Lembro-me como se fosse hoje, na corrente vibratória de forças e imantação de energias, eu, com todas as indicações e manifestações ainda me punha a questionar o porque de minha presença por ali. Eis que se apresenta um Preto Velho, sentado em um humilde banco velho, a pitar um cachimbo também de natureza rudimentar, e me revela a seguinte visão:
"- Filho, abra o seu coração e veja ..., então surgiria a imagem de uma concha numa profundeza de águas, que aos poucos me parecia chegar cada vez mais perto, e prosseguiu ...
- Observe esta concha, ela é como você, dura por fora e vive nas profundezas, há que se ter o conhecimento para se alcançar o oculto. Neste instante, uma luz de tamanha intensidade se faz sobre tal concha e subitamente o Preto me mostra seu interior, uma pérola com um brilho supremo. E seguiu ...
-Assim é o filho, duro por fora e sem brilho, mas seu interior é rico e bonito como a pérola, cheio de luz, há apenas que se lapidar.

E assim se esvaiu o Preto Velho, sorrindo timidamente e afastando-se. Fico tão impressionado até os dias de hoje que me arrepio só de pensar na profundidade e simplicidade de poucas palavras e parcas imagens. A Umbanda é assim, simples, profunda e de entendimento. Posteriormente meu mentor espiritual assinaria como PRETO SERAFIM DO CONGO, cujo ponto riscado apresentava-se por uma cruz, encerrada num círculo circundadas por ramos de arruda.

Saravá o Preto Serafim do Congo e seus falangeados
Saravá São Cipriano