Entrevista com Fernando Sepe
Umbanda é sabedoria e discernimento de ordens do astral superior. Há na vida que se separar o bem do mal, extirpar os arquétipos e praticar a caridade.
As comunicações mediúnicas entre vivos
Sesio Santiago Freire Filho
A fenomenologia mediuanimica que sempre motivou vários pesquisadores a desvendar a realidade do pós-morte, ainda hoje continua sendo um maravilhoso campo de descobertas para todo espiritista que deseja desvendar os eventos que se processam no mundo espiritual. Entretanto muitos adeptos ligados apenas ao processo fenomenológico ficam totalmente fascinados por técnicas exóticas que surgem cotidianamente através de espíritas experimentadores que procuram desenvolver novas técnicas que em suas essências não coadunam com as informações trazidas pelos espíritos superiores que elaboraram a codificação. Diante essa situação, tais adeptos imbuídos por um sentimento ufanista, acabam entrando num estado de total entorpecimento e acabam, esquecendo o aspecto moral que jaz por traz da fenomenologia.
Com o intuito de nos orientar com relação ao procedimento que devemos adorar perante os fenômenos do Além-túmulo, o Espírito de Erasto, discípulo de São Paulo, no Capitulo V item 98 do Livro dos Médiuns, nos adverte:
?(...) Lembrai-vos, espíritas, que se é absurdo repeli sistematicamente todos os fenômenos de Além-túmulo, também não é prudente aceitá-los a todos de olhos fechados. (...) mas nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente. Que cada fato seja submetido a um exame minucioso, aprofundado e severo.?
De acordo com a sabia elucidação, o exame minucioso, aprofundado e severo, ainda é a melhor forma de se verificar todo e qualquer fenômeno espírita.
No tocante ao fenômeno de Manifestação mediúnica entre vivos, acredito que o rigor com relação ao exame deve ser exercido de forma mais severa, pois a fenomenologia relacionada a tal advento, abre margens para diversos processos de mistificação, processos esses que podem ser estimulados por entidades desencarnadas malfazejas, como também por médiuns ou seres anímicos profundamente equivocados doutrinariamente.
Mesmo sabendo que com base na codificação, o intercambio mediúnico entre vivos é algo possível, devemos mesmo assim buscar estudar as diversas hipóteses que visam explicam o fenômeno, adotando sempre uma postura onde a verificação rigorosa e a cautela serão elementos fundamentais para o desvendar da questão.
Alguns pontos fundamentais foram muito bem retratado na codificação com relação a esse tipo de fenômeno. Verificamos de acordo com os ensinamentos dados pelos os espíritos e que foram organizados pelo Codificador que o espírito de um encarnado não se encontra encerrado dentro do corpo físico. Tal idéia esta fundamentada primeiramente na questão 420 do Livro dos espíritos, onde encontramos a seguinte afirmativa:
?O Espírito não estar encerrado no corpo como numa caixa: ele irradia em todo o seu redor; porque pode comunicar-se com outros espíritos, mesmo no estado de vigília, embora o faça mais dificilmente.?
Depois no capítulo VII do Livro dos Médiuns, Item 119 sub-item três; o espírito de Santo Antonio de Pádua ressalta a mesma idéia ao nos dizer que:
?A alma pode se dividir quando se deixa levar para longe do corpo. Pode ser que o corpo não durma, embora seja isso muito raro, mas então não estará em perfeita normalidade. Estará sempre mais ou menos em êxtase?.
A partir de tais explicações dadas pelos espíritos verificamos que a hipótese referente à comunicação mediúnica de um encarnado é possível, já que sabemos com base no que foi citado que o espírito de um encarnado não se encontra preso ao corpo físico, o mesmo pode se manifestar em uma reunião mediúnica por vias mediuanimica.
Outra dedução que fazemos com base nas elucidações dadas pelos espíritos no capítulo VII do Livro dos Médiuns, Item 119 sub-item 3, é que para o encarnado se manifestar por vias mediuanimica, o mesmo não necessita forçosamente encontra-se dormindo.
Com base nessas deduções entendemos que uma vez estando o espírito do encarnado emancipado do corpo físico, o mesmo através de um processo de projeção perispiritual[1] ou quem sabe até através de um processo de uma projeção do corpo mental[2], possa se apresentar no recinto onde ocorre à sessão mediúnica e possa interagir com a mente do médium, passando assim todas as suas impressões psíquicas e quiçá suas sensações bioenergéticas.
Essa hipótese por sua vez faz parte de um seleto grupo de diversas outras hipóteses que existem e que de certa forma já foram até estudada por grandes pesquisadores espíritas.Dentre esses grupo de pesquisadores ligados a Doutrina destacamos em especial a figura do Sábio Italiano Ernesto Bozzano que durante mais de quarenta anos de suas vida, dedicou-se a estudar vários fenômenos supranormais que fazem parte da fenomenologia espírita. No capitulo III de sua fantástica obra Animismo e Espiritismo, capitulo esse intitulado de: ?As comunicações mediúnicas entre vivos provam a realidade das comunicações mediúnicas com os defuntos?; Ernesto Bozzano elucida que são as propriedades do perispirito que permitem tanto aos encarnados ou aos desencarnados participar de um processo mediuanimico. Um espírito de um encarnado por possui um perispirito com mesmas características de um desencarnado, pode interagir via processo mediuanimico com um outro encarnado.
Entretanto vale salientar que Bozzano classifica em suas obras que essa fenomenologia é da classe dos fenômenos anímicos propriamente dito, uma vez que o mesmo considera os fenômenos do tipo mediúnicos como sendo o processo de manifestação supranormal de ordem física ou psíquica onde existe a participação de dois elementos, um encarnado (sensitivo) o outro o desencarnado (espírito errante).
Em sua obra, Ernesto Bozzano subdivide em Subgrupos as possíveis hipóteses que procuram explicar o fenômeno de comunicação mediúnica entre vivos. Dentre essas hipoteses o autor cita:
Subgrupo A: Mensagens inconscientemente transmitidas ao médium por pessoas imersas no sono.
Subgrupo B: Mensagem inconscientemente transmita ao médium por pessoas em estado de vigília.
Subgrupo C: Mensagens obtidas por expressa vontade do médium, às quais são aplicáveis as hipóteses da ?clarividência telepática? e de ?telemnesia?.
Subgrupo D: Mensagem transmitida ao médium pela vontade expressa do agente.
Subgrupo E: Casos de transição em que o vivo que se comunica mediunicamente é um moribundo.
Subgrupo F: Mensagens mediúnicas entre vivos, transmitidas com o auxílio de uma entidade espiritual.
Alem desses Subgrupos abordados pelo ilustre Cientista espírita Italiano, o mesmo ainda cita:
Como observamos não podemos simplesmente afirmar que o espírito que se comunica é um encarnado, sem antes verificar rigorosamente todos os aspectos que envolvem a manifestação em questão.
Daí urge a necessidade de se implantar uma metodologia cientifica com o intuito de se verificar tal evento que atualmente vem ocorrendo em varias casas espíritas.
Devemos lembrar que de acordo com o Codificador da Doutrina Espírita, é possível utilizar-se do método experimental para a sondagem de fenômenos de natureza extrafisica. De acordo com o Livro A Gênese, capitulo I , item 14:
?Como meio de elaboração, o espiritismo procede exatamente do mesmo modo que as ciências positivas, quer dizer, aplica o método experimental. (...) É pois rigorosamente exato dizer-se que o espiritismo é uma ciência de observação, e não o produto da imaginação. (...)?
Conforme nos mostra o sábio cientista italiano Ernesto Bozzano, um bom método de verificação seria submeter o espírito encarnado a uma sabatina de perguntas devidamente organizadas, antes e durante a comunicação mediúnica. Algumas dessas perguntas teriam um teor muito intimo daí só o encarnado de fato as conhecer. Após a captação das informações recolhidas inicialmente, as mesmas seriam confrontadas novamente durante o processo de intercambio mediuanimo, pois as mesmas perguntas em ordem aleatória seriam feitas ao psiquismo manifestante.
Como observamos o método para se analisar a fenomenologia é crucial, pois só assim de fato não estaremos confundindo alguns processos que nem sempre podem ser considerado como sendo uma manifestação mediúnica entre vivos.
[1] É um fenômeno mediuanímico onde o espírito do encarnado de posse do seu perispirito se afasta do envolucro físico, podendo assim apresentar diante esse processo uma total inconsciência com relação ao que acontece em torno do seu corpo físico ou mesmo um estado de semi-consciencia que denota uma percepção limitada e parcial do ambiente que envolve o seu corpo físico. Durante o processo de projeção perispiritual o individuo percebe com clareza o seu corpo perispiritual.
[2] É a situação onde a pessoa encontra-se projetada com o corpo mental (Envoltório sutil da mente) sem nenhuma percepção de corpo, seja físico ou perispiritual, porém, com consciência física da situação.
Programa que foi ao ar (Magia da Vida- apresentado por Rubens Saraceni, dia 06/03/2006 às 11:00hs)
O escritor Rubens Saraceni, babalorixá da umbanda e pesquisador de magia e espiritualismo, vem se destacando no meio por entender que a mediunidade não pode estar restrita a um ou outro caminho espiritual.
Por Alex Alprim