quinta-feira, março 30, 2006

Entrevista com Fernando Sepe

POST RETIRADO A PEDIDOS DO ENTREVISTADO

quarta-feira, março 29, 2006

Minutos de Sabedoria em Áudio


O famoso livro de bolso Minutos de Sabedoria, trazendo mensagens de otimismo e sabedorias a fim de que possamos lidar mais tranquilamente com nossos momentos mais difíceis. Agora em áudio com a narração de Luis de França. Confira!



clique na imagem ou aqui para download (Minutos de Sabedoria em áudio)

segunda-feira, março 27, 2006

A Magia Divina - por Rubens Saraceni


Programa que foi ao ar (Magia da Vida- apresentado por Rubens Saraceni, dia 20/03/2006 às 11:00hs)


Nesta palestra, Rubens Saraceni explana sobre a arte da Magia, seu uso diário e seus fundamentos. Explica muito bem o que se trata a "Magia Divina" e como deve ser aplicada.

Ouça a entrevista





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sábado, março 25, 2006

Evolução na Umbanda

"Falando de Umbanda" - Programa do dia 24/03/2006

Neste programa é comentado a mudança que a Umbanda vêm passando ao longo dos tempos Ale Cumino e Jorge Scritori comentam também sobre algumas dificuldades de interação entre os médiuns e as entidades.


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agradecimento a Alexandre Cumino pela autorização da publicação do conteúdo

sexta-feira, março 24, 2006

As Dificuldades da Mediunidade


As Dificuldades da Mediunidade

por Nathalia Leite

Atuar como um intermediário entre seres pertencentes a planos diferentes não é uma tarefa simples, mas é a função do médium, e exige intenso e intermitente esforço de concentração, disciplina e trabalho.

Se a convivência com seres "normais", encarnados, já é suficiente para levar muita gente à loucura, o que dizer das situações bizarras com as quais os médiuns e paranormais devem lidar diariamente. Imagine, por exemplo, receber visitas de espíritos que não sabem que estão mortos; ver a alma de um enteado deixando o corpo no momento do desencarne; sair do corpo durante o sono e se ver na cama dormindo; escrever mensagens em outros idiomas e sequer entender o que está escrito; andar por aí sem conseguir discernir quem está nesta ou em outra dimensão. As histórias envolvendo os médiuns seguem por esse caminho.

São várias as dificuldades e os desafios enfrentados pelos médiuns quando ainda não se adaptaram às suas faculdades psíquicas, ou ainda não as conhecem bem. Em muitos casos, o próprio desabrochar da mediunidade já é um tanto traumático e amedrontador para o indivíduo, levando-o ao desespero. Segundo Wiliam Jones, presidente do Centro Espírita Seara Bendita, muitas pessoas não prestam a devida atenção a essas manifestações em suas vidas; às vezes nem percebem sua mediunidade, e acabam inutilizando uma ferramenta que pode ser fundamental para o próprio auxílio espiritual, ou o auxílio a uma comunidade.

Na introdução do livro A Vida no Planeta Marte, Hercílio Maes (1913 ? 1993), médium que psicografou diversas obras do espírito Ramatís, conta que seu caso começou de forma muito desagradável: "O excesso de fluidos, que vibravam em mim, transformou-se num fenômeno de opressão e ansiedade, que me levou aos consultórios médicos, ingressando, então, na terapia de sedativos e tratamentos de neurose de sangue, sem que, no entanto, conseguissem identificar a verdadeira causa do meu estado, o qual era todo de ordem psíquica. Felizmente, um amigo sugeriu-me que eu devia desenvolver-me num centro espírita. Aceitei a sugestão e, efetivamente, em menos de trinta dias, recuperei minha saúde, quanto a esse estado aflitivo e anormal de perturbações emocionais. Devotei-me, então, a uma leitura intensa do setor espiritualista. Todavia, não consegui livrar-me da complexa confusão anímica, que é a 'via-crucis' da maioria dos médiuns em aprendizado. No meu deslumbramento de neófito, alvorocei-me no anseio de obter ou desenvolver, o mais depressa possível, a mediunidade sonambúlica, pois ainda ignorava que as faculdades psíquicas exigem exaustivo esforço ascensional e que a disciplina, o estudo, a paciência e o critério cristão são os alicerces fundamentais do bom êxito. Além disso, a dor, com todos os seus recursos impiedosos, assaltou-me por largo tempo; doente, fui submetido a quatro operações cirúrgicas; sofrimentos morais, aumentados ainda por prejuízos econômicos, fecharam-me naquela situação acerba em que a alma se vê forçada a olhar as profundidades de si mesma em busca de um mundo extraterreno, liberto das ansiedades mesquinhas e de caráter transitório".

"Então, no silêncio das noites insones, meditando profundamente, consegui encouraçar-me daquela resignação intrépida que decide o homem a aceitar todos os seus espinhos, desde que seja a serviço do Divino Mestre. E minha alma ouviu o cântico sublime daquele amor que nos leva a compreender que somos uma unidade cooperadora do equilíbrio do Universo Moral, servindo a Deus e ao próximo".

"Após ter imposto esse traçado a mim mesmo, um dia, escutei a voz amiga e confortadora de Ramatís para guiar-me. E, então, a minha mediunidade começou a florescer como a flor cuja raiz encontrou um solo rico de energias vivificantes".

Primeiros Avisos

Antes de relatar esse processo, Maes descreve com detalhes o primeiro contato que teve com Ramatís, aos três anos de idade. Já havia nele uma forte predisposição para a mediunidade que, contudo, só veio a aflorar muitos anos depois. Uma explicação possível para o caos em que se transformou sua vida num primeiro momento, pode ter sido a interferência de seu mentor espiritual para avisá-lo que precisava começar a se preparar. Quando a pessoa não atende ao chamado, seja por descrença, descaso ou desatenção, seu mentor pode incitar algum tipo de transtorno ? que pode ser de ordem material, física ou existencial ? com o objetivo de alertar o médium. "É uma forma de sinalizar o fenômeno", observa William.

Para Albert Paul Dahoui, escritor de A Saga dos Capelinos (série de nove livros sobre Capela), a mediunidade aconteceu de forma inesperada. Em 1969, aos 22 anos, ateu e materialista, Albert procurava explicações para a vida e o universo através da ciência. "Namorava aquela que viria a ser minha primeira esposa, e ela era umbandista. Quando mencionou o fato, achei aquilo tudo muito estranho e resolvi investigar", ele conta. Após meses de insistência, conseguiu convencer a esposa a levá-lo ao centro de umbanda. "Lá pelas tantas, ela teve uma manifestação. Neste instante, impelido pela curiosidade, levantei-me para observá-la melhor. Assim que o fiz, senti uma irresistível vontade de me sacudir. Um espírito incorporou-se, como se diz no linguajar comum, e me arremessou contra o chão, após um vôo sensacional. Assim que me levantei, já livre da incorporação, meu corpo todo tremia, mesmo que jamais estivesse tão calmo quanto naquele momento. Pensei comigo: ou enlouqueci ou existe algo nessa coisa toda que preciso descobrir. Alguns dias depois, entrava para o centro de umbanda". Mais tarde, Dahoui percebeu que já manifestava os sintomas desde os dez anos.

Embora continuasse freqüentando o mesmo centro, não foi na umbanda que ele encontrou explicações suficientes para esclarecer inúmeras dúvidas que lhe surgiam. "Temos a sorte de ter os livros de Alan Kardec, assim como o trabalho de vários pensadores e médiuns, especialmente Chico Xavier. Já, na umbanda, salvo exceções que acredito existir mas não as conheço, os livros doutrinários ou são pobres, ou são escritos por pessoas que podem até ter boa vontade, mas são culturalmente primárias". Albert, que acabou se tornando médium de incorporação e intuitivo, acredita que a mediunidade e os estudos que dela decorreram lhe conferiram uma maior compreensão do universo e dos processos que o constituem. "Mas isto é um trabalho para sempre", adverte. "Adquirir conhecimento é uma atividade permanente. Entretanto, a compreensão dos fatos existenciais nos dá uma força maior e nos permite superar os problemas".

Problemas e Soluções

Militar do exército, hoje na reserva, o médium e escritor Eurípedes Kuhl, de 68 anos, também não teve um começo muito tranqüilo. "Tinha sonhos recorrentes sobre desastres aéreos, que se confirmavam em, no máximo, 48 horas. Queda de aviões não são rotina, mas também não são raras. Acontece que eu passei a saber onde e quando. Aí, não me restou escape: procurei freqüentar reunião mediúnica, na tentativa de entender o que isso representava", conta Eurípedes. Aos poucos o tema dos sonhos deixou de ser "queda de aviões", e passou a todo tipo de tragédia, que em seguida se consumava, até que um dia as premonições cessaram.

Assim como Dahoui, Eurípedes acredita que, ao conseguir educar a mediunidade, passou a ter uma nova visão da vida e do universo. "Tenho procurando ser mais tolerante, fato que só bem me faz. A visão da vida e da reencarnação, sob a ótica espírita é, para mim, a maior contribuição filosófica que o Espiritismo oferta à humanidade", diz Eurípedes. Ele observa que, no espírita convicto, conquanto o instinto de conservação impere em todos os seres vivos, "a morte, em si, sem ser desejada, deixa de ser temida. Acredito na existência de outros universos, não apenas o físico (da astronomia) e no espiritual (da concepção espírita), mas também, universos em dimensões ultra-espirituais".

Wagner Borges, especialista em projeção astral e fundador do Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas, afirma que desde sua primeira experiência mediúnica (enquanto dormia, saiu de seu corpo e pode se observar), já foi logo se informar sobre o fenômeno. "Nunca tive medo, porque sempre procurei entender o que acontecia. Li muitos livros e participei de reuniões em grupo, de modo que minha mediunidade foi se desenvolvendo à medida que eu ia compreendendo cada vez mais esse assunto". Ele conta que, certa vez, apareceu-lhe um espírito que estava sem a cabeça. Wagner teve de fazê-lo entender que sua cabeça astral continuava lá, que fora o seu corpo material quem sofrera a lesão. "O espírito se apresenta para você da forma como ele mesmo se vê; então eu o vi sem a cabeça. Pouco a pouco, ela foi se reconstituindo, quando ele se convenceu de que ela estava lá".

Episódios semelhantes são corriqueiros nos centros espíritas. "Houve um homem cujo rosto estava todo deformado, e que não sabia que tinha morrido num acidente de trabalho", conta William Jones. "Enquanto ele regulava a pressão de uma caldeira ela explodiu na sua frente. Nós lhe 'emprestamos' ectoplasma e recompusemos seu perispírito. Quando ele se olhou com a face refeita, ficou tão feliz que chorava de emoção", relembra. Depois disso, os médiuns orientaram-no a procurar assistência do plano espiritual. ?Ele tentava falar com a família, mas achava que ninguém queria falar com ele porque estava deformado".

Conhecendo os Sinais

Há cerca 100 tipos de mediunidade, dos quais os mais recorrentes são: a psicografia (mensagens escritas, transmitidas por um espírito através do médium), pictografia (pintura de imagens recebidas), clarividência (capacidade de ver acontecimentos passados ou futuros, ver o corpo astral de outras pessoas e ver espíritos), clariaudiência (propensão para ouvir os espíritos), etc. Os médiuns conhecedores do assunto explicam que cada espírito recebe um potencial diferente mediante sua ocupação na Terra. "Por exemplo", diz William, "se você encarnou com o objetivo de ajudar a humanidade através do jornalismo, então suas aptidões estarão voltadas para a comunicação. É a mesma coisa com a mediunidade: cada um recebe a que precisa".

Os sintomas mais comuns indicadores de forte predisposição para a mediunidade são: suor excessivo nas mãos e axilas; maçãs do rosto muito vermelhas e quentes; as orelhas ardem; depressão psíquica e instabilidade emocional, melancolia; distúrbios de sono, ou em excesso, ou insônia; perda do equilíbrio do corpo, sensação de desmaio iminente; súbita aceleração dos batimentos cardíacos (taquicardia); fobia e medo de quase tudo, sensação de insegurança. Mas tudo isso vai se estabilizando e desaparecendo conforme o médium canaliza de forma mais adequada suas faculdades psíquicas com muito estudo, trabalho e disciplina.

Uma das tarefas mais complexas para o médium novato é conseguir discernir as influências que atuam em sua psique. Não se questiona mais o fato de que o ser humano sofre interferências de todos os elementos que compõem o universo, e isso inclui as formas-pensamento de outros seres. De uma maneira ou de outra, todos os seres humanos são, em maior ou menor grau de intensidade, médiuns por natureza. "Às vezes, o indivíduo escreve uma mensagem e não sabe se veio dele mesmo, de seu mentor ou de outro espírito. Nem tem certeza se foi inspiração ou psicografia", diz William. Além disso, o próprio médium, por falta de confiança ou desenvoltura em lidar com sua mediunidade, pode interferir no que o espírito está tentando lhe dizer.

Dahoui lembra um episódio, quando trabalhava com sua entidade no centro umbandista, em que veio um consulente pedir auxílio espiritual. "Era um homem negro, de trinta anos, e postou-se em perfeito mutismo. Em questão de segundos, passou pela minha cabeça que o rapaz tinha sido abandonado pela esposa e que ela tinha levado sua adorada filha de oito anos. Além disto, estava sendo acusado de desvio de mercadorias na empresa em que era guarda-noturno. Imediatamente, não permiti que minha entidade lhe falasse aquilo. Só podia ser coisa de minha cabeça: era muita desgraça para um homem só". Convencido de que aquilo era uma criação de sua mente, Dahoui disse ao homem que estava tudo bem e que fosse embora, ao que o consulente, arrasado, retrucou dizendo que não estava nada bem e, em seguida, contou exatamente a mesma história que surgira na mente do médium. "A entidade ainda tinha tentado falar algo, mas eu ? um médium novo na época ?, fiquei aflito e querendo me ver livre da situação constrangedora.

Concentrar no Amor

Dahoui ainda observa que, se o espírito quer dizer alguma coisa que o médium acredita ser invenção de sua cabeça ? e muitas vezes é mesmo ? ele é capaz de não deixar o espírito falar. "Muitas pessoas hão de ficar revoltadas com o que estou dizendo, mas posso assegurar que devo ter tido contato com mais de três mil espíritos e médiuns diferentes nestes 33 anos de pesquisa, e não encontrei um caso sequer em que eu pudesse dizer que o médium não interferiu de uma forma ou de outra, em menor ou maior grau". Sendo assim, o esforço do médium consiste em "sintonizar a freqüência", como se fosse uma estação de rádio, de modo que a "melodia" possa fluir com o mínimo de distorção.

Mas a coisa não pára por aí. É unanimidade entre os médiuns experientes que a evangelização é condição indispensável para uma orientação positiva das faculdades mediúnicas. "Não é necessário que a pessoa desenvolva algum tipo de trabalho diretamente ligado ao Espiritismo", diz William Jones. "Aliás, ela nem precisa ser espírita, mas tem que se desenvolver moralmente e ampliar seu poder de amar incondicionalmente". Wagner Borges, que não tem uma religião específica, concorda plenamente com esse ponto. "Se você tem amor dentro de você e ele está presente em todas as suas ações, então você já está no caminho certo".

O executivo Ailton Leite, de 49 anos, nunca trabalhou num centro espírita, apesar de ser médium desde a infância. "Sempre quis ser médico de gente, mas acabei virando um médico de empresas", conta Leite, que também afirma ter uma forte sintonia com Ramatís. Ele acredita que, se não fosse pela mediunidade, ele não teria mergulhado nos conhecimentos espíritas, que muito contribuíram para seu crescimento moral. "Na profissão em que atuo, a paciência, a honestidade e a serenidade são valiosos atributos?, observa Ailton. "Cada um recebe as faculdades de que necessita para desempenhar uma determinada função nesta vida. Se você é um espírito missionário, que não tem nada a pagar e só vem para trazer conhecimento à humanidade, o plano espiritual pode julgar providencial que sua mediunidade seja muito forte, a fim de que ela potencialize seu trabalho", explica. William completa dizendo que às vezes, a mediunidade só vem para mostrar algumas coisas à pessoa.

Todos os entrevistados concordam que não é preciso ter uma religião para ser bom e fazer o que é correto. Segundo eles, na ausência de uma educação ética, o médium pode utilizar seu dom negativamente. Pode comercializá-lo, aproveitando-se da fragilidade das pessoas para cobrar por consultas nas quais é capaz de delatar maridos que traem, sócios que roubam, acidentes que irão acontecer ou ensinar como ganhar fortuna fácil. "Existem pessoas que usam seu poder para se promover e chamar a atenção do público", diz William. Ailton reforça essa tese dizendo que as pessoas sempre procuram os efeitos especiais, em detrimento dos verdadeiros ensinamentos. "Se numa mesma rua estiver um homem que entorta garfos com o poder da mente, e mais adiante houver outro falando sobre amor, justiça e solidariedade, o povo vai atrás do primeiro", ele ironiza.

A mediunidade em si, como todas as coisas no universo, não é boa nem ruim. O dinheiro na mão de uma pessoa pode servir para comprar uma arma e matar um ser humano, ou para comprar comida e alimentar uma criança faminta. No cosmo, há espíritos comprometidos com a evolução humana, há os que precisam desesperadamente de orientação, e há os que ainda mantêm um apego ferrenho aos bens materiais. Cada qual sintoniza com as pessoas da mesma estirpe, da mesma índole. Ou seja, cabe a cada ser humano determinar suas companhias e seu destino, nesta e em qualquer outra dimensão.

fonte: Revista Espiritismo e Ciência ano 1 n° 4

domingo, março 19, 2006

As Comunicações Mediúnicas Entre Vivos

As comunicações mediúnicas entre vivos

Sesio Santiago Freire Filho

A fenomenologia mediuanimica que sempre motivou vários pesquisadores a desvendar a realidade do pós-morte, ainda hoje continua sendo um maravilhoso campo de descobertas para todo espiritista que deseja desvendar os eventos que se processam no mundo espiritual. Entretanto muitos adeptos ligados apenas ao processo fenomenológico ficam totalmente fascinados por técnicas exóticas que surgem cotidianamente através de espíritas experimentadores que procuram desenvolver novas técnicas que em suas essências não coadunam com as informações trazidas pelos espíritos superiores que elaboraram a codificação. Diante essa situação, tais adeptos imbuídos por um sentimento ufanista, acabam entrando num estado de total entorpecimento e acabam, esquecendo o aspecto moral que jaz por traz da fenomenologia.

Com o intuito de nos orientar com relação ao procedimento que devemos adorar perante os fenômenos do Além-túmulo, o Espírito de Erasto, discípulo de São Paulo, no Capitulo V item 98 do Livro dos Médiuns, nos adverte:

?(...) Lembrai-vos, espíritas, que se é absurdo repeli sistematicamente todos os fenômenos de Além-túmulo, também não é prudente aceitá-los a todos de olhos fechados. (...) mas nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente. Que cada fato seja submetido a um exame minucioso, aprofundado e severo.?

De acordo com a sabia elucidação, o exame minucioso, aprofundado e severo, ainda é a melhor forma de se verificar todo e qualquer fenômeno espírita.

No tocante ao fenômeno de Manifestação mediúnica entre vivos, acredito que o rigor com relação ao exame deve ser exercido de forma mais severa, pois a fenomenologia relacionada a tal advento, abre margens para diversos processos de mistificação, processos esses que podem ser estimulados por entidades desencarnadas malfazejas, como também por médiuns ou seres anímicos profundamente equivocados doutrinariamente.

Mesmo sabendo que com base na codificação, o intercambio mediúnico entre vivos é algo possível, devemos mesmo assim buscar estudar as diversas hipóteses que visam explicam o fenômeno, adotando sempre uma postura onde a verificação rigorosa e a cautela serão elementos fundamentais para o desvendar da questão.

Alguns pontos fundamentais foram muito bem retratado na codificação com relação a esse tipo de fenômeno. Verificamos de acordo com os ensinamentos dados pelos os espíritos e que foram organizados pelo Codificador que o espírito de um encarnado não se encontra encerrado dentro do corpo físico. Tal idéia esta fundamentada primeiramente na questão 420 do Livro dos espíritos, onde encontramos a seguinte afirmativa:

?O Espírito não estar encerrado no corpo como numa caixa: ele irradia em todo o seu redor; porque pode comunicar-se com outros espíritos, mesmo no estado de vigília, embora o faça mais dificilmente.?

Depois no capítulo VII do Livro dos Médiuns, Item 119 sub-item três; o espírito de Santo Antonio de Pádua ressalta a mesma idéia ao nos dizer que:

?A alma pode se dividir quando se deixa levar para longe do corpo. Pode ser que o corpo não durma, embora seja isso muito raro, mas então não estará em perfeita normalidade. Estará sempre mais ou menos em êxtase?.

A partir de tais explicações dadas pelos espíritos verificamos que a hipótese referente à comunicação mediúnica de um encarnado é possível, já que sabemos com base no que foi citado que o espírito de um encarnado não se encontra preso ao corpo físico, o mesmo pode se manifestar em uma reunião mediúnica por vias mediuanimica.

Outra dedução que fazemos com base nas elucidações dadas pelos espíritos no capítulo VII do Livro dos Médiuns, Item 119 sub-item 3, é que para o encarnado se manifestar por vias mediuanimica, o mesmo não necessita forçosamente encontra-se dormindo.

Com base nessas deduções entendemos que uma vez estando o espírito do encarnado emancipado do corpo físico, o mesmo através de um processo de projeção perispiritual[1] ou quem sabe até através de um processo de uma projeção do corpo mental[2], possa se apresentar no recinto onde ocorre à sessão mediúnica e possa interagir com a mente do médium, passando assim todas as suas impressões psíquicas e quiçá suas sensações bioenergéticas.

Essa hipótese por sua vez faz parte de um seleto grupo de diversas outras hipóteses que existem e que de certa forma já foram até estudada por grandes pesquisadores espíritas.Dentre esses grupo de pesquisadores ligados a Doutrina destacamos em especial a figura do Sábio Italiano Ernesto Bozzano que durante mais de quarenta anos de suas vida, dedicou-se a estudar vários fenômenos supranormais que fazem parte da fenomenologia espírita. No capitulo III de sua fantástica obra Animismo e Espiritismo, capitulo esse intitulado de: ?As comunicações mediúnicas entre vivos provam a realidade das comunicações mediúnicas com os defuntos?; Ernesto Bozzano elucida que são as propriedades do perispirito que permitem tanto aos encarnados ou aos desencarnados participar de um processo mediuanimico. Um espírito de um encarnado por possui um perispirito com mesmas características de um desencarnado, pode interagir via processo mediuanimico com um outro encarnado.

Entretanto vale salientar que Bozzano classifica em suas obras que essa fenomenologia é da classe dos fenômenos anímicos propriamente dito, uma vez que o mesmo considera os fenômenos do tipo mediúnicos como sendo o processo de manifestação supranormal de ordem física ou psíquica onde existe a participação de dois elementos, um encarnado (sensitivo) o outro o desencarnado (espírito errante).

Em sua obra, Ernesto Bozzano subdivide em Subgrupos as possíveis hipóteses que procuram explicar o fenômeno de comunicação mediúnica entre vivos. Dentre essas hipoteses o autor cita:

Subgrupo A: Mensagens inconscientemente transmitidas ao médium por pessoas imersas no sono.

Subgrupo B: Mensagem inconscientemente transmita ao médium por pessoas em estado de vigília.

Subgrupo C: Mensagens obtidas por expressa vontade do médium, às quais são aplicáveis as hipóteses da ?clarividência telepática? e de ?telemnesia?.

Subgrupo D: Mensagem transmitida ao médium pela vontade expressa do agente.

Subgrupo E: Casos de transição em que o vivo que se comunica mediunicamente é um moribundo.

Subgrupo F: Mensagens mediúnicas entre vivos, transmitidas com o auxílio de uma entidade espiritual.

Alem desses Subgrupos abordados pelo ilustre Cientista espírita Italiano, o mesmo ainda cita:

  • Mensagens transmitidas por espíritos mistificadores que se passam pelo encarnado.
  • Mensagens geradas pela mente do próprio médium, que pode ter o caráter de mistificação ou não.

Como observamos não podemos simplesmente afirmar que o espírito que se comunica é um encarnado, sem antes verificar rigorosamente todos os aspectos que envolvem a manifestação em questão.

Daí urge a necessidade de se implantar uma metodologia cientifica com o intuito de se verificar tal evento que atualmente vem ocorrendo em varias casas espíritas.

Devemos lembrar que de acordo com o Codificador da Doutrina Espírita, é possível utilizar-se do método experimental para a sondagem de fenômenos de natureza extrafisica. De acordo com o Livro A Gênese, capitulo I , item 14:

?Como meio de elaboração, o espiritismo procede exatamente do mesmo modo que as ciências positivas, quer dizer, aplica o método experimental. (...) É pois rigorosamente exato dizer-se que o espiritismo é uma ciência de observação, e não o produto da imaginação. (...)?

Conforme nos mostra o sábio cientista italiano Ernesto Bozzano, um bom método de verificação seria submeter o espírito encarnado a uma sabatina de perguntas devidamente organizadas, antes e durante a comunicação mediúnica. Algumas dessas perguntas teriam um teor muito intimo daí só o encarnado de fato as conhecer. Após a captação das informações recolhidas inicialmente, as mesmas seriam confrontadas novamente durante o processo de intercambio mediuanimo, pois as mesmas perguntas em ordem aleatória seriam feitas ao psiquismo manifestante.

Como observamos o método para se analisar a fenomenologia é crucial, pois só assim de fato não estaremos confundindo alguns processos que nem sempre podem ser considerado como sendo uma manifestação mediúnica entre vivos.



[1] É um fenômeno mediuanímico onde o espírito do encarnado de posse do seu perispirito se afasta do envolucro físico, podendo assim apresentar diante esse processo uma total inconsciência com relação ao que acontece em torno do seu corpo físico ou mesmo um estado de semi-consciencia que denota uma percepção limitada e parcial do ambiente que envolve o seu corpo físico. Durante o processo de projeção perispiritual o individuo percebe com clareza o seu corpo perispiritual.

[2] É a situação onde a pessoa encontra-se projetada com o corpo mental (Envoltório sutil da mente) sem nenhuma percepção de corpo, seja físico ou perispiritual, porém, com consciência física da situação.

sexta-feira, março 17, 2006

Umbanda como Religião e Seus Valores

"Falando de Umbanda" - Programa do dia 17/03/2006

Neste programa são comentados a Umbanda como religião e seus valores. Ale Cumino e Jorge Scritori alertam para a enxurrada de pessoas que se passam por Umbandistas e vêm cobrando verdadeiras somas monetárias em nome da sagrada Umbanda.


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agradecimento a Alexandre Cumino pela autorização da publicação do conteúdo

segunda-feira, março 13, 2006

Psicografia na Umbanda


Rubens Saraceni entrevista Rosana Aparecida Paiva De Oliveira, autora do livro "Fagulhas de Uma Paixão"

ISBN: 8537000426
Editora: MADRAS EDITORA
Número de páginas: 156
Encadernação: Brochura
Edição: 2006

Nesta entrevista são tratados os aspectos da Psicografia dentro da Umbanda, Saraceni conduz a temática de forma simples, abordando a temática da psicografia, entrevistando a autora do livro, Rosana Aparecida Paiva de Oliveira, questionando-a sobre seus dons mediúnicos e suas técnicas de psicografia.

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programa que foi ar dia 13/03/2006 às 11:00 na TV Espiritualista

Apometria

Apometria define-se como a técnica de trabalho anímico-mediúnica na qual os médiuns, ou sensitivos, se desdobram conscientemente, participando de maneira ativa no encaminhamento das entidades espirituais enfermas. A apometria se apresenta como técnica moderna que une avançados métodos de intercâmbio com o plano extrafísico. Sua utilização torna a sessão mediúnica de desobsessão dinâmica, ao invés da passividade sonolenta tradicionalmente observada em determinados grupos.

(Extraído de : Apometria: Nem Problema, Nem Solução - Ricardo Di Bernardi - 2001)

Minutos de Sabedoria

Muitas vezes nos deparamos com problemas diversos e acreditamos que não existem solução, entretanto a busca de conforto no mundo espiritual nos faz com que sigamos com força total a nossa batalha, o nosso karma. Neste livro, entitulado "Minutos de Sabedoria", encontramos algumas mensagens que nos confortam e com certeza achamos utilidade para os problemas que atravessamos. Uma chave para a contínua evolução de nossa alma.


Um fraterno Saravá,

Mestre Azul


MINUTOS DE SABEDORIA

domingo, março 12, 2006

O Mistério Exu Mirim - por Rubens Saraceni

Programa que foi ao ar (Magia da Vida- apresentado por Rubens Saraceni, dia 06/03/2006 às 11:00hs)


Nesta palestra, Rubens Saraceni explana sobre o Mistério "Exu Mirim", destrinchando suas origens e seus campos de atuação. Exu Mirim, entidade muito bem representada na Umbanda, muitas vezes controversa e pouco conhecida. Vale a pena ouvirmos as colocações e prestarmos mais atenção para estas entidades.

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Comportamento do Médium de Umbanda

"Falando de Umbanda" - Programa do dia 12/03/2006

Neste programa são comentados como os médiuns de umbanda se comportam, e como devem se comportar: preparação, cuidados, excessos.


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agradecimento a Alexandre Cumino pela autorização da publicação do conteúdo

sexta-feira, março 10, 2006

Rubens Saraceni - Entrevista

O escritor Rubens Saraceni, babalorixá da umbanda e pesquisador de magia e espiritualismo, vem se destacando no meio por entender que a mediunidade não pode estar restrita a um ou outro caminho espiritual.

Por Alex Alprim

Rubens Saraceni nasceu em 1951, e há mais de 25 anos exerce sua mediunidade e faz seus estudos no campo da espiritualidade. Seus inúmeros livros já publicados são psicografados, ditados e orientados pelos Mestres da Luz. Sua jornada, segundo conta, foi iniciada no espiritismo de "mesa branca", passando posteriormente para a umbanda, onde se tornou babalorixá. No entanto, como gosta de deixar bem claro, o universo da umbanda não é o único no qual ele se movimenta e realiza seus estudos, uma vez que o dom da mediunidade não pode estar restrito a uma ou outra linha religiosa, doutrinária ou de pesquisas. Recebendo a outorga dos planos superiores para iniciar pessoas em magia, também recebeu a autorização para começar a divulgar o que foi denominado "Magia Divina das Sete Chamas", que explica em seus livros. Hoje com mais de vinte livros publicados, Saraceni é um dos autores mais procurados da editora Madras. Nesta entrevista, ele fala sobre seus estudos, sobre o aspecto teórico e prático da umbanda, magia e espiritualismo em geral.

Qual a relação entre a umbanda e as .mensagens espirituais ditadas pelos Mestres da Luz? Quem são os Mestres da Luz e como eles se encaixam na tradição umbandista?


Os Mestres da Luz são espíritos mentores da umbanda; são regentes de grandes linhas espirituais, ainda que eles não se apresentem formalmente. Mas regem as gigantescas correntes de espíritos e, através dessas psicografias, eles têm procurado passar noções sobre o mundo espiritual.


Quais noções?


Principalmente, eles procuram transmitir às pessoas que a vida não se encerra aqui no plano material, por isso é necessário que a pessoa vigie os seus atos, seus sentimentos, e trabalhe para que, quando vier a passagem para o outro lado, a pessoa esteja bem preparada para vivenciar a sua realidade maior, que é a realidade do espírito. Então, eles têm uma finalidade. Os livros às vezes mostram determinados eventos, determinadas vivências, que muitos classificam como sendo um pouco chocantes, porque mexem na ferida mesmo, sem muito rodeio; mas tudo isso visa despertar nas pessoas uma conscientização.

O que é considerado chocante?

Quando se descrevem algumas quedas espirituais que aconteceram com pessoas. O desencarne jogou essas pessoas de encontro a uma realidade que elas achavam que não existiria; achavam que não teria aquela punição divina, que não viria para ela uma sentença que a jogasse de encontro ao próprio universo sombrio que ela havia criado à sua volta aqui na Terra.

Então, de acordo com essa visão, existe uma estrutura maniqueísta do mundo muito próxima à que a moral cristã vem desenvolvendo nos últimos dois mil anos?

A moral cristã prega o seguinte: se você faz o bem, você vai para o céu; se você faz o mal, você vai para o inferno. Ela está correta, só que temos de entender o que é esse céu e esse inferno. Para nós, o céu são as faixas de luz para as quais cada um é atraído por afinidade de sentimentos, afinidades vibracionais; e o inferno também são faixas específicas da Criação, para as quais são recolhidos espíritos que, aqui em cima, no plano material, não desenvolveram sua consciência. Se nós simplificarmos, está correto. A pessoa é atraída pelas faixas vibratórias com as quais tem afinidade. Esse é o céu e o inferno para mim - e dentro da umbanda também é isso.

Seria semelhante às teorias das sintonias dos grandes mestres ascensionados, com as pessoas sintonizadas com faixas de mais ou menos luz?

É isso mesmo. Essa é uma consciência que está se desenvolvendo muito rapidamente dentro da umbanda e sendo bem aceita, porque nos explica o porquê da existência do suposto inferno: ele não existe por acaso, porque tem a finalidade de recolher espíritos que, de uma forma ou de outra,sofreram regressões conscienciais quando passaram pela carne.

Qual o ponto em comum entre aumbanda, o candomblé e o espiritismo hoje?

O ponto em comum das três é a manifestação dos espíritos através da incorporação das mensagens, ainda que no candomblé a dinâmica seja um pouco diferente da dinâmica da umbanda, e totalmente diferente da dinâmica do espiritismo. A umbanda mantém a ponte de contato tanto com o candomblé quanto como espiritismo. Todas essas três doutrinas, ou essas três religiões -vamos colocar assim - têm como ponto em comum a mediunidade como sustentação. No candomblé, tem de haver a manifestação do orixá; na umbanda, tem de haver a manifestação dos espíritos e, eventualmente, do orixá do médium; e no espiritismo, existe a manifestação das entidades e o trabalho desenvolvido pelos espíritos que incorporam nos médiuns, curando e orientando as pessoas - tudo visando 0 crescimento e a melhoria do ser.

Como você encara, na umbanda e no candomblé, prática de sacrifícios animais, principalmente com relação ao conhecimento que os Mestres de Luz vêm trazendo?

Quando estudamos um pouco o candomblé, vemos que o sacrifício animal tem uma função específica já tradicional, secular. Então, nada contra, porque é algo que já vem de gerações. A umbanda não adota sacrifícios de animais. Algumas pessoas que transitam tanto no candomblé quanto na umbanda fazem, mas a umbanda em si não adota sacrifícios animais. Ela não condena. Acho que cada um tem o seu processo de feitura de trabalhos, sua dinâmica, que deve ser respeitada. No verdadeiro candomblé, o sacrifício só é ritualizado em ocasiões muito específicas, mas vemos pessoas não-preparadas desvirtuando, desenvolvendo métodos próprios que consideram que para tudo tem de haver sacrifícios. Os verdadeiros praticantes do candomblé, pessoas muito bem preparadas, dizem que o sacrifício é muito raro e, mesmo assim, é tirado só o axé do animal, porque o alimento é compartilhado na ceia coletiva.

Como é a estrutura tradicional da umbanda, e que caminhos evolutivos ela está seguindo nos últimos anos?

A estruturação da umbanda começou por volta de 1908, com o médium Zé Fernandino de Moraes, quando, através dele, foi dito que estava se iniciando uma religião e que todos os espíritos seriam bem-vindos a ela. A faculdade de incorporação é anterior à umbanda, candomblé e espiritismo, mas ali estava o marco inicial, estruturado na manifestação dos espíritos por nomes simbólicos, tal como o próprio fundador da religião, o espírito chamado Caboclo das Sete Encruzilhadas, os sete cruzamentos, as sete irradiações. Os espíritos se manifestariam não com nomes próprios, mas como símbolos das hierarquias às quais estavam ligados, entre caboclos, pretos velhos, crianças, exus. Ela se expandiu muito rapidamente, porque tinha o amparo do Astral, e se estruturou assim: o espírito se manifesta, auxilia o encarnado que vai até ele e, ao mesmo tempo, vai passando uma doutrina de vida, de melhoria de consciência. Com aquele linguajar simples deles, bem direto e objetivo, eles vão tocando nos pontos que interessam àquela pessoa e, a partir dali, a pessoa vai despertando para a realidade do espírito. Então, a religião procura trabalhar as pessoas. Sua estrutura tem o objetivo de resgatar as pessoas para a realidade espiritual. Não é um processo rápido, violento, mas um processo de atração permanente, principalmente voltado ao ser humano que está passando por dificuldades.

Como você começou a psicografar? Já havia psicografia na umbanda?

Se existia a psicografia pura, eu não tenho elementos para falar sobre isso. Existiam muitos escritores de umbanda desde o começo do século. Eles poderiam estar escrevendo inspirados, mas sem dar essa conotação. Quando eu iniciei a psicografia - com alguns livros que foram publicados e outros que não foram - e quando surgiu O Guardião da Meia-Noite, que foi um marco na umbanda como psicografia de um médium umbandista, isso foi um pouco assustador porque a psicografia estava associada ao espiritismo, ao kardecismo. Na época, eu recebi críticas de irmãos kardecistas; pois, se eu era da umbanda, como é que podia psicografar? Médium é médium, seja da umbanda, candomblé ou espiritismo - não importa a doutrina que ele siga. Eu mostrei que o dom da pessoa independe da formação religiosa; tendo o dom, ela canaliza o que o astral quer. Um tem dom para psicografar, outro para fazer pinturas mediúnicas, dar consultas, ler as cartas, as mãos...

E hoje isso já é aceito? Existem outros trabalhos desse tipo?

Já. Quando o Pai Benedito se manifestou, incorporado mesmo em mim, e conversou com a minha esposa, ele disse que estava começando a psicografia na umbanda, que a espiritualidade estava iniciando um processo de psicografia nos moldes do kardecismo através de médiuns dentro da umbanda. Ainda estava sendo considerado um fenômeno, mas com o tempo outros surgiriam. E, de fato, passaram uns cinco ou seis anos depois de eu estar psicografando, e outros médiuns da umbanda começaram a chegar a mim e dizer que estava acontecendo a mesma coisa; estavam psicografando livros e até tinham medo de falar. Pai Benedito falou que muitos espíritos estão preparados para trazer romances mediúnicos, histórias sobre espíritos ou vivenciadas há séculos ou milênios, tendo como fundo a vida de espíritos que são grandes mentores da umbanda e que comandam um trabalho imenso em benefício da humanidade. Eu já conheço dezenas de pessoas que estão psicografando, médiuns desenvolvidos dentro da umbanda.

Fale um pouco sobre o trabalho espiritual que você vem desenvolvendo ultimamente.


Estou desenvolvendo vários trabalhos paralelos, todos visando o crescimento das pessoas. O mais marcante tem sido o trabalho de magia, porque nela nós não diferenciamos as pessoas, nem por seu grau escolar, nem por sua religiosidade.
A magia é neutra e praticada por todas as pessoas que queiram aflorar o seu dom íntimo. Outro campo em que venho desenvolvendo um trabalho muito grande é na teologia da umbanda. Comecei esse trabalho mais ou menos em 1996, e foi difícil falar nisso porque era uma coisa inédita até então - nem existia esse termo na umbanda. É outra inovação que, hoje, muitas pessoas já estão usando na umbanda, com cursos de teologia da umbanda, ou seja, o estudo do universo divino. Ele veio ao encontro da necessidade do momento dentro da religião, e está começando a gerar muitos trabalhos. Também visa dotar a religião de um conhecimento próprio dela, não mais dependente de outras doutrinas, sem precisar buscar lá fora e adaptar para a umbanda. As pessoas não precisam buscar no espiritismo ou no candomblé a explicação para os mistérios que fluem através de sua prática religiosa.

Em várias estruturas religiosas, em especial as afro-brasileiras, parece existir uma forte tendência a tentar adaptar a linguagem mágica européia do período renascentista - mais recentemente, das vertentes americanas ligadas aos mestres ascensionados e agregar essa linguagem à sua religiosidade. Como você vê essa situação em seu trabalho?

A teologia que estamos desenvolvendo é pura, fundamentada unicamente nos orixás, sem recorrer às doutrinas alheias para extrair de lá a explicação dos mistérios. Houve a revelação do que nós classificamos como os fatores de Deus, as qualidades divinas. A partir daí foram desenvolvidos vários livros como a Gênesis da Umbanda, Código de Umbanda, Sete Linhas de Umbanda, Orixás Ancestrais, livros que, fundamentados no mistério orixá, explicam tudo que a pessoa precisa saber sem recorrer ao candomblé, ao espiritismo ou a qualquer outra doutrina.
O mistério orixá começou a ser explicado de uma forma que eu chamo de científica, porque ela tem uma lógica, segue um padrão repetitivo, explicando o mistério para a época em que vivemos. E isso é o que traz às pessoas a satisfação quando estudam teologia, porque explica o universo divino de uma forma muito ordenada, não mitológica, mítica ou mística, mas racional. Isso, somando-se à magia, criou todo um universo que completa a umbandista, porque a umbanda é uma religião mágica por excelência. O trabalho dos guias espirituais é realizar magias que beneficiem as pessoas, magias que utilizam elementos da natureza, sejam ervas, flores, frutos, pedras, sementes ou raízes: tudo é elemento mágico que eles utilizam para curar pessoas, limpar ambientes, etc. Então, trouxemos também uma magia nova, cada etapa fundamentada em um elemento: magia das chamas, magia das ervas, magia das pedras, do pó, etc. São vinte e um graus no total, e tudo vai sendo explicado de forma racional. A nossa teologia é bem racionalista; estuda os mistérios de Deus a partir de uma interpretação trazida pela espiritualidade, uma interpretação superior, não criada aqui pela nossa mente terrena. A magia não está conectada diretamente à umbanda; a teologia sim, foi pensada pela espiritualidade, pelos Mestres da Luz, para religião de umbanda, mas é uma fonte de informações pra qualquer pessoa.

E, de uma forma geral, como você vê o desenvolvimento do espiritualismo hoje?

O espiritualismo sempre foi praticado pela humanidade sob muitos nomes, mas hoje em dia eu vejo o espiritualismo assumindo o seu lugar em função do próprio relaxamento dos preconceitos. Tivemos um período de perseguição às práticas espiritualistas, qualquer que seja o nome que se dê a essas práticas.
Hoje o espiritualismo tem uma grande oportunidade de se firmar como alternativa para evolução das pessoas. Se cada religião tem os seus dogmas e doutrinas, até fazendo com que o fiel desenvolva dentro de si determinados preconceitos contra outras religiões, o espiritualismo é irreligioso.

O espiritualismo seria a chave do processo evolutivo humano neste plano?

Com certeza, porque dando às pessoas a oportunidade de manifestar os seus dons, dons dos espíritos, é que essas pessoas vão encontrar a si próprias, vão se conhecer. Os dons dos espíritos têm de ser vivenciados aqui na carne. Em determinados segmentos religiosos esses dons são reprimidos e vistos como coisas demoníacas, mas essas pessoas não entendem nada de dons. Dom é uma qualidade que o espírito desenvolve e que se torna um meio para que todo um universo oculto flua através dele, um universo espiritual, divino. O espiritualismo tem a grande oportunidade, agora, de não se deixar levar pelas influências do dogmatismo. O dogmatismo mata tudo.

Qualquer dogma mata uma estrutura religiosa?

Mata, porque se as pessoas começam a dizer que só um dom é aceitável e os outros não, que a pessoa pode incorporar um guia espiritual mas não pode psicografar, ou pode psicografar mas só pode falar de Jesus (pois, se falar de um orixá ou caboclo é heresia), então já matou. É isso que faz o espiritismo. Com todo o respeito que eu tenho, o espiritismo dogmatizou a mediunidade de psicografia, porque só se pode falar de Jesus. Se um médium kardecista encostar um espírito que não professe, ou não professou o cristianismo em sua última encarnação, e não fale as verdades na linguagem ali codificada, ele é bloqueado. Nós não devemos deixar que esses dogmas existam dentro da umbanda. O dom é meu, eu conquistei. Sei lá quantas vidas eu precisei viver aqui na Terra para desenvolver esse dom e, se hoje ele flui naturalmente, eu não vou dizer que só tenho de escrever sobre orixás. Em meus livros escrevo sobre tudo. Em A Princesa dos Encantos falo sobre o nascimento do hinduísmo, em O Livro da Vida falo sobre Akhenaton; e falo sobre o surgimento dos templários na Europa, do início da civilização egípcia, etc. O importante é o que esse espírito viveu no passado. Pouco importa se esse espírito de hoje se manifesta na umbanda com o nome simbólico de caboclo tal, se o grande momento dele, sua grande experiência humana foi na índia, no Egito, na Mesopotâmia, na Europa ou no Brasil pré-cristão. Espírito não tem identidade.

Você gostaria de deixar alguma mensagem para as pessoas que estão se iniciando nesse caminho espiritual, não só da umbanda mas na espiritualidade de uma forma geral?

Na espiritualidade de uma forma geral, todas as vias de crescimento para o ser humano, colocadas por Deus à nossa disposição, são boas.
Eu não desenvolvi dentro de mim esse preconceito de que a minha é melhor, a do fulano é pior; para mim, todas são boas. Então, eu digo às pessoas, que queiram se iniciar ou estão se iniciando, que façam sua caminhada sem temor. Confie que tudo está sendo conduzido pelo Superior. Mas procure se instruir; procure aprender e não colocar bloqueios dentro de si mesmo, contra isso ou aquilo, mas sim ir até cada coisa e aprender sobre ela, e delas extrair o seu juízo, a sua experiência, porque isso é que vai contar.

Revista Sexto Sentido
Número 30, Ano 3
Páginas 06-11

Magia Divina

Neste artigo publicado na revista IstoÉ, n° 1695, é mostrado como as pessoas cada vez mais descrentes buscam apoio nas ciências ditas "ocultas". Rubens Saraceni fala um pouco da iniciação em seu colégio de magia, e pessoas das mais variadas formações falam de como buscaram na magia a resposta para o seu dia-a-dia.



quarta-feira, março 08, 2006

Livro Tambores de Angola



Romance explicativo das origens da Umbanda e do trabalho dos Caboclos, pretos-velhos e Exus. Mostra a diferença entre este culto e o Espiritismo.






Tambores de Angola - Robson Pinheiro Santos

segunda-feira, março 06, 2006

Cursos na Umbanda

"Falando de Umbanda" - Programa do dia 05/03/2006

Neste programa são comentados como a Umbanda está sendo revelada, são discutidos principalmente os Cursos na Umbanda.

Ouça a entrevista





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agradecimento a Alexandre Cumino pela autorização da publicação do conteúdo

Oferendas na Umbanda

"Falando de Umbanda" - Programa do dia 26/02/2006

Neste programa comenta-se o que são e, representam as oferendas na Umbanda.

Ouça a entrevista





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agradecimento a Alexandre Cumino pela autorização da publicação do conteúdo